quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Feliz 2016!


Bem, chegamos ao último dia de um ano especial para o blog. Comecei 2015 com menos de 1000 visualizações o que, inicialmente, era minha meta, que graças a Deus foi alcançada com facilidade, por isso logo comecei a sonhar mais alto... Depois que passamos da fantástica marca de 50 mil "views", eu já não tinha muito o que pensar a não ser colocar como próxima marca os 100 mil! Hoje estou na casa das 74 mil visualizações, e por isso quero agradecer a todos vocês que acompanharam o blog até agora.


Desejo-lhes um feliz 2016, recheado de maravilhosas bençãos, alegrias e conquistas para todos nós. No blog, terei mais tempo nesse começo de ano sem aula, haverá a volta dos GPs Memoráveis com toda a força além do cumprimento das promessas de fazer o especial sobre Stefan Bellof e Andrea de Cesaris. Isso que não citei o Campeonato Europeu de Automobilismo, que também está na lista.

Terei muito o que fazer nesse ano, mas sei que o trabalho será recompensado com o reconhecimento e a gratidão de todos vocês que me animam para escrever aqui...


Deus, obrigado pelo 2015. E Que venha um próspero 2016!

Imagens tiradas do Google Imagens

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

GP Memorável 63# - Itália 2008


Depois do polêmico GP da Bélgica em Spa-Francorchamps, os pilotos estavam em Monza para mais um Grande Prêmio da Itália. Lewis Hamilton, ainda muito afetado pelo ocorrido na última etapa, mantinha as críticas sobre Kimi Räikkönen que tentava se manter na briga pelo título para não virar peça chave de uma possível conquista de Felipe Massa, que tinha dois pontos de atraso para o líder.

De qualquer modo, ninguém esperava que Monza se transformaria num inferno naquele fim-de-semana do dia 14 de setembro de 2008. Chuvas fora de estação atormentaram a vida dos pilotos e das equipes durante todo o período de GP. Começando pelos treinos livres, quando a chuva colocou Adrian Sutil no topo da tabela no TL1 enquanto pilotos como Hamilton e Massa não conseguiram marcar tempos.

A chuva só deu trégua no TL2...

Os pilotos precisavam sentir como estava a pista, mas a chuva era tão forte que até isso era difícil de ser feito. O treino chegou com as equipes ainda sofrendo para colocarem seus carros na pista, além de errarem muito nas estratégias de alguns de seus pilotos, o que dificultava uma boa qualificação. Com isso, as surpresas reinaram em Monza...

O jovem Sebastian Vettel, de apenas 21 anos e 72 dias, marcou a pole position com o tempo de 1:37.555 à bordo de uma surpreendente Toro Rosso. Heikki Kovalainen fechou a primeira fila com sua McLaren sendo seguido por Mark Webber e Sébastien Bourdais, posições invejáveis conquistadas pela equipe de Faenza que um dia já teve um querido nome: Minardi.


Nico Rosberg aparecia ao lado de Felipe Massa, enquanto Fernando Alonso, Timo Glock e Nick Heidfeld fechavam os dez primeiros lugares. Robert Kubica, que se viu mais uma vez superado pelo companheiro, mas nada que o abalasse, estava ao lado de outra surpresa, o italiano Giancarlo Fisichella da Force India.

David Coulthard conseguiu alinhar na mesma fila de Kimi Räikkönen, enquanto Lewis Hamilton e Rubens Barrichello estavam logo atrás. Fechando o grid, Nelsinho Piquet, Kazuki Nakajima, Jenson Button e Adrian Sutil (para quem começou o fim-de-semana na ponta, o treino qualificatório foi um fiasco total).


No dia da corrida, mais chuva para dar ainda mais emoção para um fim-de-semana que já estava incrível. Pela primeira vez na história, o GP da Itália de Fórmula 1 iria ser realizado sob chuva, por isso a largada foi dada atrás do Safety Car, facilitando a vida dos pilotos no perigoso circuito de Monza. Antes da saída definitiva, Vettel faz uma dura manobra para cima de Kovalainen, em busca de aquecimento dos pneus, quase jogando o finlandês para fora da pista.

A largada foi dada com o ronco do motor Ferrari cortando pela reta dos boxes do autodromo italiano em primeiro lugar, coisa que seria muito mais provável estar acontecendo com uma Ferrari, mas não, era com uma Toro Rosso. Sébastien Bourdais, que havia ficado na largada, acabou voltando na última colocação.


Os mais agressivos já começam sua batalha para recuperar as posições, Glock passa por Alonso e é sétimo com Kubica já ultrapassando seu companheiro para assumir a nona colocação. Lá atrás, Lewis Hamilton ficava preso atrás de Kimi Räikkönen, que, com toda a paciência do mundo, tentava uma manobra sobre David Coulthard. O escocês com seu velho impeto, já consegue passar por Fisichella para ir no 11º posto, mas por pouco tempo, já que erra e cai para 14º, atrás de Kimi e Lewis.

Felipe Massa vem tentando passar por Nico Rosberg, mas o piloto da Williams batalha arduamente para manter esses belos pontinhos para sua conta. Mais atrás, Fernando Alonso dá o troco em Timo Glock, enquanto, no fundo do pelotão, Nakajima passa por Button e Sutil. No sétimo giro, o alemão da Toyota acaba rodando na primeira curva depois de arriscar para cima de Alonso, perdendo a oitava posição para Kubica.


Pressionado, Fisichella finalmente cede á pressão de Räikkönen que tenta escapulir enquanto o italiano está na frente de Lewis Hamilton, que, sendo mais agressivo do que o finlandês, logo toma a posição do piloto da Force India. Na 11º volta, o britânico volta para cima do ferrarista na I di Lesmo, conseguindo a ultrapassagem para a alegria da equipe.

Mais uma vez, David Coulthard tinha no caminho Giancarlo Fisichella, e como os dois já estavam se estranhando, acabaram se tocando na primeira curva, danificando a asa dianteira do italiano que acabaria no muro da Parabólica após perder o bico na reta oposta. Felipe Massa consegue passar por Nico Rosberg, mas de maneira duvidosa, o que obriga-o a devolver a posição para o alemão.



Lewis Hamilton vem forte lá de trás, agora passando por Nick Heidfeld. Logo depois, o brasileiro da Ferrari finalmente faz a ultrapassagem definitiva sobre Rosberg para assumir a quarta posição. Nada para o britânico da McLaren que faz mais uma ultrapassagem, agora sobre Timo Glock, também de maneira dura após jogar o piloto da Toyota para fora da pista. Uma volta depois, de novo ele nas câmeras a passar por Robert Kubica para assumir a oitava colocação.


Na 18º volta, Sebastian Vettel vai aos boxes para sua primeira parada, voltando na quarta colocação enquanto Hamilton passa por Alonso também de maneira dura, tocando roda com roda com o ex-companheiro em plena reta. As chances de chuva forte para os próximos minutos aumenta, o que dificulta na escolha de pneus para os pilotos, especialmente com a pista secando.

Duas voltas depois de ser ultrapassado por Hamilton, Alonso novamente se vê atrás de Timo Glock que deu o troco para cima de Kubica. Kovalainen, Webber e Massa param nos boxes, devolvendo a liderança para Sebastian Vettel que corta a reta sendo seguido por Nico Rosberg, Lewis Hamilton, Jarno Trulli e Timo Glock.

A chuva que já havia caído em Monza era torrencial, mas nesse momento
da prova ela já era pouco percebida

Na volta seguinte, Hamilton já ganha mais uma posição para assumir a segunda colocação geral depois de passar por Nico Rosberg. 27º volta, a parada tão esperada da McLaren acontece para o líder do campeonato que é liberado sem problemas para voltar na 10º colocação. Com estratégias diferentes, alguns pilotos ganham posições importantes na tabela.

Kovalainen recupera a segunda colocação depois da parada de Rosberg, enquanto Fernando Alonso também vai aos boxes, junto com Massa e Glock, voltas antes de Kubica e Webber também pararem. Nesse momento, Hamilton vê a chance de vitória se abrir em sua frente, mas, com a previsão errônea de que a chuva voltaria com força, ele foi obrigado a parar para colocar pneus intermediários.

Favorito, Kovalainen foi coadjuvante em Monza

Depois das paradas definitivas, a classificação estava assim: Vettel, Kovalainen, Kubica surpreendentemente em terceiro, Alonso, outra surpresa, em quarto, Heidfeld segurando Massa em quinto, Hamilton embalado atrás do rival de Ferrari, e Webber fechando os lugares pontuáveis. Rubens Barrichello estava em nono, mas teve que parar para colocar intermediários. Piquet Jr também já esteve na terceira colocação, mas como não havia parado, retornou apenas na décima segunda colocação.

Quem vinha fazendo prova pífia era Kimi Räikkönen, perdido no meio do pelotão sem muita decisão se abriria caminho ou ficaria por ali mesmo, no final, ele decidiu que seria importante arrancar alguns pontinhos na casa da Ferrari. O finlandês começou ultrapassando Nakajima, logo depois foi a vez de Jenson Button e David Coulthard para ele assumir a misera 10º posição.

Kubica fez maravilhosa prova sendo beneficiado pela estratégia

Webber tentava pressionar Hamilton na disputa pela sétima colocação, mas o inglês, mais uma vez, fez dura manobra para cima do rival que reclamou. As últimas voltas se aproximam com Felipe Massa tentando alguma coisa para cima de Nick Heidfeld, que é duro para ceder a posição, enquanto Lewis Hamilton se aproximava ainda mais.

Räikkönen finalmente assumiu a nona posição depois de passar por Nelsinho Piquet, mas já não tendo muito o que fazer para chegar aos pontos. A Scuderia Toro Rosso, comandada por Gerhard Berger, ficava apreensiva vendo o mais jovem piloto da história da categoria cortando as retas de Monza em busca de uma inesperada vitória, e além do mais, sem cometer erros e nem ser ameaçado. Absoluto em Monza, Sebastian Vettel!


Mas é claro que David Coulthard tinha que aprontar mais uma, agora com Kazuki Nakajima em plena Parabólica, deixando destroços que botaram medo nos postulantes ao título que tiveram que passar por cima do obstáculo. Massa se mantinha na frente de Hamilton. Pilotos como Nico Rosberg, Timo Glock e Jarno Trulli, que estavam nas primeiras posições, viram os pontos sumirem rapidamente com a fraca estratégia de suas equipes.

E lá vinha o menino de 21 anos e 73 dias, contornando a Parabólica com toda a calma do mundo para chegar á reta dos boxes, onde toda a equipe Toro Rosso o aguarda ansiosamente para gritar, finalmente, "VENCEMOS UMA CORRIDA DE FÓRMULA 1!". Aquela que já foi chamada de Minardi, que um dia já foi amada e querida por todos, vencia uma corrida de Fórmula 1 em casa! Sebastian Vettel vence o GP da Itália de 2008! Para o delírio de todos os presentes em Monza!


O garoto chamado de "novo Schumacher" vencia com uma Minardi-Ferrari em Monza, para a loucura de todos os italianos fanáticos pela Fórmula 1, e ainda mais por todos os envolvidos na equipe Toro Rosso. Gerhard Berger e todos os engenheiros se sentiam orgulhosos pelo que haviam feito, tinham escrito um nome na história da categoria.

No pódio, outros garotos da nova geração da Fórmula 1, para que se formasse o "top três" mais jovem da história da categoria, com a média de 23 anos e 350 dias. Não haviam palavras para descrever aquele momento mágico em Monza, quando o mundo viu a primeira grande demonstração do menino Sebastian Vettel e a milagrosa e fantástica atuação da Toro Rosso naquele fim-de-semana molhado no quintal de casa...


RESULTADOS:

  1. 15 - ALE - Sebastian Vettel - Scuderia Toro Rosso Ferrari - 1:26:47.494 - 10pts
  2. 23 - FIN - Heikki Kovalainen - McLaren Mercedes - +12.512s - 8pts
  3. 4 - POL - Robert Kubica - BMW Sauber - +20.471s - 6pts
  4. 5 - ESP - Fernando Alonso - Renault F1 Team- +23.903s - 5pts
  5. 3 - ALE - Nick Heidfeld - BMW Sauber - +27.748s - 4pts
  6. 2 - BRA - Felipe Massa - Scuderia Ferrari - +28.816s - 3pts
  7. 22 - GBR - Lewis Hamilton - McLaren Mercedes - +29.912s - 2pts
  8. 10 - AUS - Mark Webber - Red Bull Racing Renault - +32.048s - 1pt
  9. 1 - FIN - Kimi Räikkönen - Scuderia Ferrari - +39.468s
  10. 6 - BRA - Nelson Piquet Jr - Renault F1 Team- +54.445s
  11. 12 - ALE - Timo Glock - Toyota Racing - +58.888s
  12. 8 - JAP - Kazuki Nakajima - Williams Toyota - +1:02.015s
  13. 11 - ITA - Jarno Trulli - Toyota Racing - +1:05.954s
  14. 7 - ALE - Nico Rosberg - Williams Toyota - +1:08.635s
  15. 16 - GBR - Jenson Button - Honda Racing - +1:13.370s
  16. 9 - GBR - David Coulthard - Red Bull Racing Renault - +1 Volta
  17. 17 - BRA - Rubens Barrichello - Honda Racing - +1 Volta
  18. 14 - FRA - Sébastien Bourdais - Scuderia Toro Rosso Ferrari - +1 Volta
  19. 20 - ALE - Adrian Sutil - Force India Ferrari - +2 Voltas
  20. 21 - ITA - Giancarlo Fisichella - Force India Ferrari - Acidente - OUT
Volta Mais Rápida: Kimi Räikkönen - 1:28.047 - Volta 53


Curiosidades:
- 799º GP
- 1º GP da Itália Com Chuva
- 1º Vitória de Sebastian Vettel
- Vencedor Mais Jovem da História: 21 anos e 73 dias
- 1º Pole Position de Sebastian Vettel
- Poleman Mais Jovem da História: 21 anos e 72 dias
- 1º Pódio de Sebastian Vettel
- Piloto Mais Jovem a Subir ao Pódio: Sebastian Vettel com 21 anos e 73 dias
- 4º E Último Pódio de Heikki Kovalainen
- Pódio Mais Jovem da História: Média de 23 anos e 350 dias
- 1º Vitória da Toro Rosso
- 1º Pole Position da Toro Rosso
- 1º Pódio da Toro Rosso
- Toro Rosso Se Tornou a 5º Equipe Italiana a Vencer na F-1
- Toro Rosso Se Tornou a 2º Equipe Italiana, Não Montadora, a Vencer na F-1
- 209º Vitória do Motor Ferrari


  • MELHOR PILOTO: Sebastian Vettel / Lewis Hamilton
  • SORTUDO: Felipe Massa
  • AZARADO: Lewis Hamilton / Sébastien Bourdais
  • SURPRESA: Sebastian Vettel
Vettel e Hamilton deram show na molhada corrida de Monza, com o alemão fazendo uma prova consistente sem cometer erros para conquistar sua primeira vitória, e com o britânico dando show de ultrapassagens sendo agressivo a ponto de, certas vezes, exagerar para cima dos outros pilotos. Felipe Massa teve sorte que a previsão de chuva estava errada, caso contrário, Lewis Hamilton o superaria facilmente com a estratégia. Bourdais tinha tudo para fazer a italianada da Toro Rosso ainda mais feliz, mas acabou tendo azar em ficar no grid no início da prova. O jovem alemão surpreendeu a todos ao vencer sem nenhum erro sobre carros da McLaren e BMW...


Campeonato de Pilotos
  1. 22 - GBR - Lewis Hamilton - McLaren Mercedes - 78pts
  2. 2 - BRA - Felipe Massa - Scuderia Ferrari - 77pts
  3. 4 - POL - Robert Kubica - BMW Sauber - 64pts
  4. 1 - FIN - Kimi Räikkönen - Scuderia Ferrari - 57pts
  5. 3 - ALE - Nick Heidfeld - BMW Sauber - 53pts
  6. 23 - FIN - Heikki Kovalainen - McLaren Mercedes - 51pts
  7. 5 - ESP - Fernando Alonso - Renault F1 Team - 28pts
  8. 11 - ITA - Jarno Trulli - Toyota Racing - 26pts
  9. 15 - ALE - Sebastian Vettel - Scuderia Toro Rosso Ferrari - 23pts
  10. 10 - AUS - Mark Webber - Red Bull Racing Renault - 20pts
  11. 12 - ALE - Timo Glock - Toyota Racing - 15pts
  12. 6 - BRA - Nelson Piquet Jr - Renault F1 Team - 13pts
  13. 17 - BRA - Rubens Barrichello - Honda Racing - 11pts
  14. 7 - ALE - Nico Rosberg - Williams Toyota - 9pts
  15. 8 - JAP - Kazuki Nakajima - Williams Toyota - 8pts
  16. 9 - GBR - David Coulthard - Red Bull Racing Renault - 6pts
  17. 14 - FRA - Sébastien Bourdais - Scuderia Toro Rosso Ferrari - 4pts
  18. 16 - GBR - Jenson Button - Honda Racing - 3pts

Campeonato de Construtores:
  1. ITA - Scuderia Ferrari Marlboro - Ferrari - F2008 - RAI/MAS - 134pts
  2. GBR - Vodafone McLaren Mercedes - McLaren Mercedes - MP4/23 - HAM/KOV - 129pts
  3. ALE - BMW Sauber F1 Team - BMW Sauber - F1.08 - HEI/KUB - 117pts
  4. JAP - Panasonic Toyota Racing - Toyota - TF108 - TRU/GLO - 41pts
  5. FRA - ING Renault F1 Team - Renault - R28 - ALO/PIQ - 41pts
  6. ITA - Scuderia Toro Rosso - Toro Rosso Ferrari - STR2B/STR3 - BOU/VET - 27pts
  7. AUT - Red Bull Racing - Red Bull Renault - RB4 - COU/WEB - 26pts
  8. GBR - AT&T Williams - Williams Toyota - FW30 - ROS/NAK - 17pts
  9. JAP - Honda Racing F1 Team - Honda - RA108 - BUT/BAR - 14pts
Imagens tiradas do GPExperts.com.br - Google Imagens - F1-fansite

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

ENTREVISTA: Riccardo Patrese


Depois de esperar semanas para fazer este post, finalmente ele sai do forno para que vocês possam ver uma rara entrevista á Riccardo Patrese, não feita por mim, e sim pelo próprio site do italiano que é difícil de ser entrevistado. Eu tentei fazer quatro perguntas, porém o comentário que enviei na postagem acabou não sendo aprovado pelo moderador, mas pelo menos a outra pergunta foi respondida... Além de mim, o Paulo Alexandre Teixeira do Continental Circus também enviou algumas perguntas.

Legendas:
Q - Questão
RP - Riccardo Patrese
VAV - Minha questão


Q - "Fale sobre Estoril quando Berger diminuiu para entrar nos boxes - você conversou com ele depois?"

RP - "Falei com ele imediatamente depois do acidente, mas ele não parecia se importar muito com a coisa errada que tinha feito. Por causa disso eu estava irritado e nós não conversamos muito por muitos anos depois. Muito mais tarde, ele veio até mim e pediu desculpas. Nós nos encontramos novamente este ano na Áustria, onde nós estávamos fazendo voltas de demonstração e ele se desculpou novamente."



Q - "Você teve um desempenho fantástico no velho Nürburgring na F2 em 1977. Como você aprendeu a pista e nunca lamentou que a F1 não foi mais lá depois que você tinha chegado a F1?

RP - "Eu aprendi a pista em 1976, quando eu estava correndo para a Chevron e Trivellato na F3. A primeira corrida da temporada foi em Nürburgring então, com meu chefe de equipe, decidimos ir ao circuito na terça-feira antes da corrida para que pudéssemos aprender o circuito antes do fim-de-semana de corrida. 23Kms não é fácil de aprender. Quando chegamos, fomos fazer algumas voltas com nosso carro de estrada, mas eles nos disseram que o circuito foi fechado como havia um teste privado de pneus acontecendo. Eles nos disseram que poderíamos caminhar ao lado da pista, então nós caminhamos pra baixo do circuito só para observar. Começamos a andar na parte da manhã comigo escrevendo notas como um co-piloto de rally, depois de um par de horas nós dissemos onde nós estamos?! Nós olhamos no mapa e percebemos que estávamos quase do lado oposto do circuito de onde começamos, então podíamos voltar por onde viemos e ver a mesma parte do circuito de novo, ou ir para frente. Nós completamos a volta assim, caminhando por horas com todos os meus papéis e notas. Antes de eu dormir, mais tarde, eu estudei todas as minhas anotações. Quando o fim-de-semana de corrida começou, depois de duas voltas no carro eu sabia o circuito muito bem.

A corrida andou bem para mim porque eu estava liderando na frente de Bertram Schäfer, Conny Andersson e outros pilotos mais experientes, mas depois houve chuva e em condições escorregadias eu abrandei e terminei em terceiro. Foi um bom resultado que me lançou para vencer o campeonato. Então em 1977 eu voltei para Nürburgring na F2 com a mesma equipe Trivellato-Chevron e um motor BMW. Eu adorei o circuito e isso, aliado a experiência do ano anterior, permitiu-me mostrar minha capacidade para o mundo da F2 e da F1 - naqueles dias um monte de pilotos da F1 haviam corrido na F2 como Clay Regazzoni, Hans Stuck, Jochen Mass, Brian Henton. Regazzoni havia estabelecido a volta recorde em Nürburgring em 76 com a Ferrari na última vez que correu lá. Ele fez um 6:55, eu acho, e eu fiz a pole para a corrida de F2 com 7:15, três segundos mais rápido do que qualquer um. Duas semanas depois eu estava correndo em Monte Carlo para o meu primeiro GP.

Se eu pudesse ter competido em Nürburgring na F1 é claro que eu não teria dito não. Teria sido fantástico. Esse circuito tem um desafio especial. Isso lhe dá uma satisfação particular. Tivemos esses tipos de desafios no passado. Para ser mais rápido do que qualquer pessoa lá você sabia que era o mais rápido e o melhor. O desafio era consigo mesmo e com o circuito. Claro que você sabia que havia grandes riscos, mas a satisfação e o prazer era tão grande que você não se importava muito com isso.?"



Q - "... Como você avaliaria Thierry Boutsen quando eram companheiros de equipe na Williams?..."

RP - "Nós sempre trabalhamos muito bem juntos e eramos amigos, como somos agora. Um bom companheiro de equipe e uma boa pessoa."


Q - "Será que você irá dirigir na Mille Miglia?"

RP - "Eu fiz este evento uma vez quando estava correndo com a Alfa Romeo em 1984, eu acho. Eu fiz a uma seção de Brescia para Verona como parte do PR para a Alfa."



VAV - "Você acha que a falta de experiência nos seus primeiros anos atrapalharam sua carreira á longo prazo?"

RP - "A F1 agora não é a mesma de 30 anos atrás. Muitos pilotos hoje tem falta de experiência porque eles são muito jovens. Quando eu entrei na Fórmula 1 eu tinha 23 anos de idade e era um dos mais jovens pilotos, mas eu nunca poderia ter ganho o campeonato em meu segundo ano. Agora, com um bom carro, foi provado por Hamilton e até por Vettel que você pode ganhar um campeonato quando você é tão jovem.

Quando eu comecei na F1 ninguém podia ensina-lo a dirigir o carro. Agora, com todos os computadores, eles ensinam você como dirigir o carro. Essa é a principal diferença. Além disso, os carros agora são muito mais confortáveis para dirigir e muito mais confiáveis. Se você cometer um erro e sair da pista tem um monte de áreas de escape para você raramente danificar o carro. Isso tudo significa que um piloto pode aprender muito mais rápido do que no meu tempo quando você tinha que fazer sua própria experiência através dos erros.

Por exemplo, quando eu fui para Interlagos - um circuito muito desafiador - pela primeira vez, eu tive que aprender durante o fim-de-semana de corrida, em seguida, na corrida. Isso meu deu experiência. No ano seguinte, indo de volta para Interlagos, eu sabia o que esperar e poderia aproveitar essa experiência para um melhor desempenho, assim foi a cada ano, voltei para Interlagos e, depois, talvez a minha experiência me deu uma vantagem sobre os pilotos menos experientes. Hoje, qual é o problema? Tudo que você precisa fazer é ir pro simulador centenas de vezes. É completamente diferente."



Q - "O seu gesto após o GP de Mônaco de 1982 é impagável... ainda se lembra daquele dia?"

RP - "Eu estava muito confuso naquele momento em particular, porque eu não sabia que eu tinha ganho a corrida! Depois do meu erro, eu pensei que tinha terminado em segundo, porque eu vi na minha frente que havia uma Williams e eu pensava que era o de Rosberg, mas afinal era o Derek Daly. Eu pensei que Rosberg tinha vencido a corrida e por isso eu estava confuso quando eles me encaminharam para o pódio. Alguém de um dos patrocinadores estava dizendo para mim 'Riccardo, Riccardo, você ganhou a corrida', e eu estava perguntando 'você tem certeza, porque eu não sei nada?!' Naturalmente, naqueles dias, não tínhamos um rádio de modo que ninguém me poderia dizer o resultado, como eles podem agora. Eu fui imediatamente para o pódio para ser recebido pela Princess Grace, então não houve tempo para ver os meus mecânicos antes de receber o troféu.

Uma outra história sobre essa corrida... Eu nunca entendi por que cometi um erro na Mirabeau. Todos achavam que eu tinha sido estúpido para fazer tal erro, quando liderava a corrida a uma volta do fim. Trinta anos mais tarde, o Derek Daly disse a revista Motor Sport que ele tinha danificado sua caixa de velocidades do seu Williams e havia óleo na pista. A chuva e o óleo - que eu não conseguia ver - foi o que causou a rodada, mas eu só descobri isso anos mais tarde! Eu nunca poderia entender. Eu estava indo muito devagar, muito cauteloso, em primeira marcha, sendo muito cuidadoso porque poderia ganhar o Grande Prêmio, mas então eu rodei e eu pensei 'm****, eu perdi a corrida, por que eu cometi um erro tão estupido?!' Agora já sei!


Q - "Você já viu a Fórmula E? Se sim, o que tem a falar sobre ela?"

RP - "Eu realmente vi só uma corrida, eu acho que na China, quando eu vi alguns highlights. Eu realmente não tenho uma opinião formada sobre esta série. Para mim, uma das coisas mais importantes no automobilismo é o barulho, que faz com que haja emoção e alimenta a atmosfera para os fãs. Se não há barulho, acho que perde um pouco dessa magia."



Q - "Você trabalhou com companheiros de equipe como Nelson Piquet, Nigel Mansell e Michael Schumacher. Que pontos fortes você recorda e por quê? Até que ponto eles eram duros na pista?"

RP - "Eram todos campeões do mundo, logo, eles eram especiais, mas de todos eles, o mais especial foi Michael. Imediatamente após o meu primeiro teste com a Benetton, em Silverstone, eu podia ver que ele tinha um talento especial. Ele era jovem, mas pelo que pude ver como seu companheiro de equipe, eu sabia que ele poderia ser um dos maiores. Mais tarde, todos viram-no ganhar 92 corridas e 7 campeonatos mundiais. De todos os meus companheiros de equipe, ele foi o mais forte.

Com os outros pilotos, se estivesse no meu dia, eu conseguia fazer voltas mais rápidas do que eles e batê-los em algumas corridas, mas todos eles eram fortes: Alan Jones, Nelson Piquet, Nigel Mansell, eram todos fortes mas eu conseguia ser competitivo contra eles."



Q - "Como foi sua relação com Nigel Mansell durante 91 e 92? Era como Hamilton/Rosberg?"

RP - "Não, era um bom relacionamento. Definitivamente um bom relacionamento, nenhum problema. A atmosfera foi muito boa e nós ainda continuamos a ser bons amigos agora. Eu tenho que dizer que éramos fortes concorrentes, mas tínhamos um bom relacionamento. 

Saiu em um livro de Maurice Hamilton que, em 1992, Nigel não estava compartilhando todos os seus dados com a equipe, mas eu nunca soube disso na época. Nesse ano tivemos muitas informações sobre o carro, então eu e Nigel tínhamos muito o que fazer, mas do meu lado tudo foi colocado sobre a mesa e compartilhado e, se eu descobrisse algo bom, estaria lá para ele ver, mas eu só soube mais tarde que ele não estava colocando tudo sobre a mesa. Eu não gostava de dizer isso há alguns anos, mas ás vezes eu acho que você pode ser um campeão, um bom piloto, mas as vezes você tinha que ser um pouco bastardo. Essa é a história de muitos campeões mundiais. Eu admirava Ayrton, ele era o melhor junto com Michael Schumacher, mas quando ele estava correndo ele era duro. Para estar a frente do resto, às vezes você tem que ser um pouco injusto.

Mas sobre o meu relacionamento com Nigel, mesmo agora que eu sei que ele estava jogando alguns joguinhos em 1992, não há problema. Ele disse que tinha muitos problemas com seus companheiros de equipe, mas não comigo, e que essa relação foi muito boa e eu digo a mesma coisa."



Q - " Se a Brabham tivesse mantido o motor Ford durante todo 1982, você acha que poderia ter disputado pelo título?"

RP - "O turbo foi o caminho a percorrer porque na verdade não era possível ganhar o campeonato pois a Ferrari estava dominando. Mas em seguida eles perderam tanto Villeneuve quanto Pironi, perdendo assim a chance de ganhar o campeonato por causa desses acidentes. Sem isso, não havia dúvida de que eles seriam campeões. BMW disse que eles tinham que usar o ano para desenvolver o motor e o carro para estar competitivo no ano seguinte, e foi a decisão certa, porque, em 1983, Nelson ganhou o campeonato."


Q - "Riccardo, você teve uma carreira extremamente interessante, e durante um momento muito interessante da F1. Você já pensou em escrever um livro sobre isso?"

RP - "As pessoas falam para mim por quê de eu não escrever um livro, mas não é um coisa simples de fazer. Para fazer um livre é um monte de trabalho, porque se você quiser fazê-lo bem, você tem que pensar muito sobre sua vida e carreira, e você tem que encontrar a pessoa certa para escrever. Se eu livro for bem feito, pode ser bem sucedido, mas há alguns livros sobre pessoas de esporte que ninguém lê porque elas não estão interessadas, por isso é difícil de fazer e fazer bem. Por exemplo, eu encontrei o livro de Agassi e achei fantástico porque foi escrito de uma maneira muito boa. Claro que ele era o número um do tennis e teve uma vida interessante cheia de ingredientes para fazer uma boa história quando bem escrito, por isso, eu tenho que encontrar o escritor correto para o trabalho, porque, caso contrário, ele pode ser um dos livros que ninguém se preocupa. Nós temos alguém em mente para escrever e estamos discutindo isso."



Q - "O seu número favorito é o 6, não é? Você poderia, por favor, me dizer por que você escolheu as cores branco e azul para o seu capacete?"

RP - "Sim, 6 é meu número favorito. Meu irmão escolheu as cores e desenhou meu capacete. Eu tinha gostado de azul desde quando eu era um menino e é minha cor favorita."


Q - "Você teve vários companheiros de equipe quando correu em sportscars, Wollek, Nannini, Alboreto por exemplo, houve um co-piloto em particular que você sentiu que funcionou melhor?"

RP - "Bem, na verdade eu trabalhei com todos eles muito bem. Eu era muito amigo do Alessandro, e foi divertido conduzir com ele, e Michele bem como, e com Bob foi ok, mas o que mais me lembro é Walter Rohl porque nós fizemos a primeira corrida para a Lancia em Brands Hatch, e é claro que ele era um campeão do mundo vindo para os sportscar e quando ele chegou ele foi muito impressionante. Eu também dirigi com Piercarlo Ghinzani e Teo Fabi, mas fomos uma boa equipe e a atmosfera na Lancia era sempre muito boa.

Eu vim para os sportscar principalmente por causa de Cesare Fiorio, que me queria na equipe quando a Lancia começou o programa, mas antes eu nunca pensei que eu seria um piloto de endurance. Eu gostei das corridas de 6 horas, corridas de 1000Kms, muito porque eram corridas de curta distância, mas eu não gostava das vinte e quatro horas. Agora você vai para Le Mans e é como uma corrida curta de 24 horas porque os carros são confiáveis e você pode forçar a partir do primeiro minuto até o fim, mas antes você realmente tinha que salvar o carro, consumo de combustível e era realmente chato um pouco chato por causa disso, então eu preferia as corridas curtas.

Compartilhando o carro estava ok, pois Alessandro era piloto de F1, Michele era piloto de F1, a Lancia era composta, em sua maior parte, de pilotos de F1, então você sabia, quando você entregou seu carro para seu companheiro de equipe, que ele era um piloto rápido."


Q - "Riccardo, durante sua carreira na F1 você dirigiu uma variedade de diferentes carros; qual você diria que foi o seu favorito?"

RP - "Seria a Brabham BT49D, o carro que eu ganhei meu primeiro GP. Além disso, a Williams FW14 de 1991. Nestes carros havia pouca ou nenhuma eletrônica envolvida e para mim como piloto havia mais sentimento. Você realmente pode sentir o carro e mostrar sua capacidade."

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Essas foram as perguntas respondidas pelo italiano Riccardo Patrese, vice-campeão da temporada de 1992 e vencedor de 6 corridas em fantásticas 17 temporadas na categoria máxima do automobilismo. Um homem, como disse o Paulo Teixeira, duro de se arrumar uma entrevista, mas que quando nos dá a chance não devemos desperdiça-la. Apesar de não ter respondido 4 perguntas que fiz em um dos comentários, agradeço pela atenção dada ao que foi respondido.

Qualquer erro ortográfico, por favor, comente para que eu possa corrigir...

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domingo, 27 de dezembro de 2015

O dia que Pintacuda derrotou Stuck no Trampolim do Diabo

Hans Stuck, o monstro alemão das Subidas de Montanha

Hoje seria o 115º aniversário de um cidadão de Varsóvia com o nome Hans Stuck von Villiez, mais conhecido como Hans Stuck, alemão, dominador de montanhas na Era de Ouro das "HillClimbs"...

Na década de 30, o automobilismo expandia pelo mundo, chegando a América do Sul com força em países como Brasil e Argentina. Provas como o GP do Rio de Janeiro e o GP de São Paulo ganhavam fama.

Depois da edição de 1936, os organizadores do GP carioca queriam dar status de Grand Prix á corrida que já ganhava fama na Europa. Com isso algumas reformas, como o asfaltamento de certos pontos do circuito da Gávea, aconteceram. Por sua vez, ACB queria trazer alguns grandes nomes para a prova como a Auto Union e a Alfa Romeo.


A Scuderia Ferrari da Alfa tinha planos de levar dois carros para a prova, mas como as despesas ultrapassavam os limites do possível, acabaram negando a proposta. Sorte que havia um nome como o Comendador Sabbado D'Ângelo para ajudar no pagamento, cobrindo-o e dando á Ferrari a chance de trazer dois de seus pilotos para prova.

O sonho era ver um tal mantovano na prova, chamado Tazio Nuvolari, mas o que a Scuderia de Enzo Ferrari mandou deixou a todos decepcionados: Carlos Pintacuda, já famoso nas bandas brasileiras, ao lado de Antonio Brivio, um com 8C-35 e outro com o 12C-36, respectivamente.

Já a Auto Union não via motivos para mandar Bernd Rosemeyer para a corrida, afinal, a vitória viria fácil, por isso mesmo levou apenas um Type C para Hans Stuck. O alemão também já tinha fama aqui no Brasil, especialmente depois de vencer a prova de Subida de Montanha de Petrópolis em 1932, com um Mercedes-Benz SSKL, e elogiar a engenharia dos brasileiros nas estradas, dizendo que algumas obras seriam algo impossível de se ver na Europa.


A Mercedes-Benz não compareceu a prova, com isso, o maior europeu que estava lá era Stuck, favorito de longe a vitória em cima da dupla de Alfas. Mas havia uma carta na manga da equipe italiana: a experiência no "Trampolim do Diabo", apelido carinhoso dado ao que chamo de "Nürburgring do Brasil" com suas mais de 100 curvas, 11,6Kms e com diferentes tipos de piso como asfalto, areia, paralelepípedo e cimento.

No dia da corrida o tempo nublado seria mais um desafio para os pilotos, com uma garoa caindo no momento da largada. Stuck, com cerca de 200cv a mais do que as Alfas, ainda conseguiu pular para a frente com o monstro alemão apelidado de "Flecha Diabólica", mas com o aumento da chuva e as constantes estilingadas que o Auto Union dava, Pintacuda assumiu a liderança rapidamente.


Brivio, com um carro mais potente do que o companheiro, também sofria com as saídas de traseira no perigoso circuito da Gávea, além de ter problemas que o obrigaram a fazer várias paradas, deixando a briga para Stuck e Pintacuda. O florentino abria para o alemão com o aumento da chuva, já conhecendo o traçado e tendo um carro com menos potencia aliada a seu grande talento.

Agora a chuva diminuía dando a chance para Hans Stuck se aproximar do rival italiano. Na volta 11, o alemão toma a ponta por pouco tempo já que vai ao boxes para reabastecer, desastradamente... A equipe faz uma parada horrível fazendo o número 4 perder 46s para o líder Pintacuda. Agora se inicia uma perseguição alucinante em busca da vitória por parte de Stuck.


A Alfa Romeo do líder começa a sentir a falta de combustível enquanto o alemão da Auto Union vem tirando baldes de diferença há poucas voltas do fim. Enquanto Stuck tentava se beneficiar do arrasto aerodinâmico, Pintacuda fazia manobras agressivas numa pista ainda úmida. E lá vinham os dois competidores para a linha de chegada, com o italiano concretizando o Milagre da Gávea ao terminar 7,3s na frente do alemão.

Os brasileiros aclamavam Carlo Pintacuda novamente vencedor do GP da Cidade do Rio de Janeiro, agora em cima de nada menos nada mais do que Hans Stuck de Auto Union, um milagre concretizado graças a chuva e ao talento do italiano que tinha um carro defasado e com 200cv a menos do que a Flecha Prateada. Com isso, a Alfa levou a bolada de 100 milhões de réis...


No fim, pelo menos nós brasileiros vimos algo semelhante ao ocorrido em Nürburgring anos antes, mas de maneira menor, com apenas uma Flecha de Prata e com um público maior, agora de 300.000 pessoas. E com isso podemos ver como "quando é para acontecer não dá para evitar": uma chuva que deu uma inesperada vitória para a Alfa Romeo.

A edição de 1937 entrou para a história como uma das melhores do "Trampolim do Diabo"...

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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Os Prêmios do Memória F1 - 2015


Inspirado no post do Blog Curva a Curva, acabo fazendo também minha premiação para os melhores da temporada de 2015 das principais categorias do mundo como a Fórmula 1, o WEC, a MotoGP, a Indy e o WRC.

MELHOR PILOTO: Sébastien Ogier
Nada de Lewis Hamilton, Nelson Piquet Jr ou Scott Dixon, o melhor do ano, para mim, foi Sébastian Ogier, campeão do WRC. Com seu Volkswagen Polo R, o francês dominou tudo o que era possível nas provas dessa temporada, não conquistando boas colocações apenas quando errava ou tinha problemas.

TOP 5:

  1. Sébastien Ogier
  2. Jonathan Rea
  3. José Maria Lopez
  4. Sebastian Vettel
  5. Mark Webber/Timo Bernhard/ Brendon Hartley


MELHOR EQUIPE: Porsche Team
E finalmente, depois de 30 anos de espera, a Porsche voltou ao topo do endurance ao conquistar o título do WEC em suas principais categorias de protótipos e GTs. O trabalho duro do pessoal de Stuttgart foi recompensado com a ótima safra de pilotos a sua disposição, mostrando toda a superioridade da equipe alemã sobre as rivais.

TOP 5:

  1. Porsche Team
  2. ART Grand Prix
  3. Mercedes AMG Petronas
  4. e.dams
  5. Volkswagen Motorsport


MELHOR CATEGORIA : MotoGP
Enquanto a Fórmula 1 se afogava em crise, a MotoGP via sua popularidade crescer num estrondo após o incidente entre Rossi e Márquez em Sepang. Para a última prova da temporada, foi criada uma hype antes vista apenas nos tempos de Prost e Senna, algo fantástico que contribuiu para a popularidade da categoria que teve uma fantástica temporada desde seu início.

TOP 5:

  1. MotoGP
  2. IndyCar
  3. WEC
  4. NASCAR
  5. WRC


MELHOR DOMÍNIO: Jonathan Rea
Parece que Hamilton não vai levar nenhum troféu para casa, pois quem fez bonito mesmo foi Jonathan Rea, piloto da Kawasaki no mundial de Super Bike, na qual se sagrou campeão pela primeira vez depois de vencer 14 das 28 provas da temporada. Um título incontestável do jovem de 28 anos que ainda tem uma grande carreira pela frente.

TOP 5:

  1. Jonathan Rea
  2. Félix Rosenqvist
  3. Stoffel Vandoorne
  4. Lewis Hamilton
  5. Sébastien Ogier


MELHOR ESTREANTE: Max Verstappen
Concorrendo com "homens", Max Verstappen conseguiu surpreender na Fórmula 1, mostrando que não se tem uma mínima idade para surpreender no esporte a motor. O jovem holandês foi o protagonista das mais variadas ultrapassagens do ano, se envolvendo em confusões dentro e fora das pistas que podem atrapalhar sua carreira.

TOP 3:

  1. Max Verstappen
  2. Charles Leclerc
  3. Felipe Nasr


MELHOR CORRIDA: 500 Milhas de Indianapolis
E a melhor corrida do ano não saiu do continente americano, mudando apenas de estado e indo para Indianapolis. Na mais tradicional prova do automobilismo, o mundo voltou a ver o brilho do velho e bom Juan Pablo Montoya, que surpreendeu vindo lá do fundo do pelotão para superar Will Power e conquistar pela segunda vez a Indy 500.

TOP 3:

  1. 500 Milhas de Indianapolis
  2. Grande Prêmio dos Estados Unidos de Fórmula 1
  3. Grande Prêmio da Austrália de MotoGP

MELHOR ULTRAPASSAGEM: Max Verstappen em Felipe Nasr em Spa-Francorchamps
Bem, disso acho que poucos tenham dúvida do porque dessa ultrapassagem ter sido aclamada a manobra do ano na entrega dos prêmios da FIA semanas atrás.


O MITO DO ANO: Pastor Maldonado
Esta conquista não deveria ir para outra pessoa além de Pastor Maldonado, o destruidor da Venezuela para o mundo. Tendo um carro bom em mãos, Maldonado sofreu com os azares que o rodeiam, abandonando várias provas e perdendo muitas chances de pontos.


A PERSONALIDADE DO ANO: Valentino Rossi
O bom e velho Valentino não para de causar, dessa vez, numa temporada fantástica por sua parte, viu o título escapar depois do incidente com Márquez em Sepang, acarretando numa punição ao italiano que levou montanhas e montanhas de conterrâneos e torcedores para Valência, última etapa do ano. Isso é ser ídolo. Isso é ser Valentino Rossi. 


A DISPUTA: Nelson Piquet Jr, Sébastien Buemi e Lucas di Grassi na Fórmula E
Na recém-criada Fórmula E, uma safra de talentosos pilotos fez a categoria fazer sucesso rapidamente pelo mundo inteiro, entrando numa disputa frenética até a última etapa, quando três homens tinham chances de título. O Brasil viu o impossível acontecer: um Senna ajudar um Piquet a ser campeão, depois de Bruno segurar Sébastien Buemi durante as últimas voltas.


A VOLTA POR CIMA: Kyle Busch
Até mesmo eu, que não é muito ligado com a NASCAR, vi todo o enrolo que ocorreu com Kyle Busch em 2015. Depois de quebrar a perna em Daytona, no início da temporada, o estadunidense teve que passar por um longo período de recuperação, perdendo as 11 primeiras provas do ano. Mas quando retornou, mostrou todo seu talento para se recuperar e fazer o milagre de ser campeão por um ponto....


A DESPEDIDA: Jeff Gordon
Lembro bem dos tempos vitoriosos de Gordon na NASCAR, isso que ele estreou por lá antes mesmo de eu nascer. De qualquer forma, o número 24 do californiano ficou cravado na história do automobilismo como um dos mais icônicos de sua história. Ao fim da carreira, Jeff conquistou 4 títulos, 93 vitórias e 81 poles na Sprint Cup e 5 primeiros lugares na Xfinity Series.


O MICO: Nissan
Tentando a sorte com um carro de tração dianteira, a Nissan fez seus pilotos pagaram um dos maiores micos da história das 24 Horas de Le Mans, ficando longe dos carros de sua própria classe e perto das classes mais baixas, manchando a história dos japoneses na categoria. Agora é ver o que eles podem fazer pro futuro.


A CONTROVÉRSIA: Marc Márquez e Valentino Rossi em Sepang
Esporte a motor sem polêmica acaba perdendo parte de sua essência: o drama. E na MotoGP, essa essência foi a tona depois do ocorrido no GP da Malásia, penúltima etapa da temporada, quando Rossi jogou Márquez de sua moto, acarretando numa punição que o tirou o título. As discussões sobre o acidente correram todos os dias até a última etapa, e, às vezes, ainda voltam com muita força em grupos de moto velocidade.


A TRAGÉDIA: Justin Wilson
Como todos sabem, o esporte a motor é uma coisa arriscada, sempre foi e sempre será independentemente do que seja feito para o aumento da segurança. Nesse ano, perdemos dois nomes: Jules Bianchi e Justin Wilson, mas o que causou mais impacto foi a do britânico de 37 anos, pai de duas garotinhas e uma grande pessoa. Infelizmente, o que ocorreu em Pocono foi uma fatalidade....


HOMENAGEADO: Stefan Bellof
No ano que se passam 30 primaveras de seu triste acidente fatal, Stefan Bellof foi o homenageado pelo blog Memória F-1. Depois de uma vitoriosa carreira no WSC pela Porsche, onde escreveu seu nome na história após ser campeão em 1984, duas temporadas pela Tyrrell na Fórmula 1 conquistando, entre outros resultados, um terceiro lugar em Mônaco, o alemão acabou entrando no hall da fama do automobilismo.


Em tributo á: Jules Bianchi e Justin Wilson
Daqueles que perdemos em 2015, deixo este final de "premiação" a eles...

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