sexta-feira, 29 de abril de 2016

AEROSCREEN - Ressurgido das cinzas do tempo


Quando a Red Bull apresentou seu projeto de "protetor de cabeças", muitos, ou quem sabe todos, diziam ser mais eficiente do que o Halo feito pela Ferrari. Ontem, quando finalmente vimos o Aeroscreen instalado no carro, as opiniões mudaram drasticamente: enquanto alguns acreditam ser a melhor solução, outros pensam ser algo inútil, que pode até mesmo atrapalhar a visibilidade dos pilotos em determinados casos.

Quando Daniel Ricciardo entrou na pista, assistimos a história acontecer, ou melhor, "re-acontecer".


Na década de 30, para priorizar a até então pouco explorada aerodinâmica nos carros de corrida, as potencias Auto Union e Mercedes-Benz lançaram os monstruosos streamliners, com uma carenagem totalmente especial para pistas de alta, como AVUS. Quando o objetivo passava a barreira, digamos, humana, e a loucura era buscar velocidades que ultrapassavam os 400Km/h, a Auto Union sabia bem como melhorar a passagem do vento na região do cockpit, como podemos ver na foto.

Infelizmente, num frio 28 de janeiro, Bernd Rosemeyer perderia sua vida tentando superar o grande amigo e rival Rudolf Caracciola...

Após a II Guerra, muitas das revoluções da equipe "das quatro argolas" foram esquecidas, até mesmo a do carro com motor montado no centro do chassis. Felizmente, não demorou muito para que homens como John Cooper percebessem a grande utilidade dos "mid-engined cars", revolucionando, de maneira geral, o automobilismo mundial.


Anos depois de Cooper, Frank Costin, que desenhou o Vanwall campeão de construtores da temporada de 1958, estava de volta com mais um projeto ambicioso em suas mãos: o canopy. Priorizando novament, a aerodinâmica do carro, Costin chegou a instalar um dos dispositivos num antigo bólido da Vanwall para testa-lo.

Os resultados dos testes, provavelmente, foram positivos, e não demorou muito para que Costin colocasse em prática na equipe Protos, de Ron Harris, a combinação canopy+chassis de madeira, que parecia ser genial pela sua leveza e aspecto aerodinâmico. Na temporada européia da Fórmula 2 em 1967, o Protos F2 foi pilotado por nomes como Brian Hart (sim!), Pedro Rodríguez (sim!) e Kurt Ahrens Jr.


E como o Grande Prêmio da Alemanha geralmente incluía carros de Fórmula 2 ao grid, vimos Kuth Ahrens e Brian Hart participando da edição de 1967 da prova com o modelo. As fotos tiradas dos bólidos de número #25 e #26 são realmente históricas e representam algo fenomenal na trajetória da Fórmula 1, que nunca viu um carro genuinamente montado para ela utilizando o canopy.

Na Eifelrennen de 1968, Vic Elford e Brian Hart correram com o F2 da Protos, protagonizando mais algumas fotos históricas, pois, essa seria uma das últimas vezes que um monoposto sem asas estaria usando o canopy.

Voltando para 1967, Jack Brabham tinha em mãos o BT24, com aparência de Fórmula 2, mas competitividade de Fórmula 1. E para testar o canopy decidiu produzir um especial para seu bólido, que seria testado no fim-de-semana do GP da Itália. "Black Jack" tentava re-inventar parte dos streamliners, mas logo interromperia o projeto, uma vez que o para-brisa distorcia sua visão e causava tonturas...


Quase 20 anos depois, a McLaren faria um rápido teste com Alain Prost (isso mesmo, Alain Prost!), também com um pequeno canopy instalado. E como os resultados não foram tão agradáveis, da mesma forma para Brabham e Protos na década de 60, a equipe de Woking decidiu abandonar a ideia, tacando-a nas chamas do esquecimento...

Trinta anos depois, eis que Adrian Newey re-inventa o canopy, agora com nome Aeroscreen, colocando e testando em um de seus carros na manhã do dia 29 de abril de 2016, em Sochi...

O tempo passou tão rápido nesses últimos 80 anos...

Mais fotos:

Mercedes-Benz: 

Auto Union:

Protos:
Hart na Flugplatz

Brabham:

McLaren:

Imagens tiradas do Google Imagens

quinta-feira, 28 de abril de 2016

100 anos - Ferruccio Lamborghini


Há exatos 100 anos nascia Ferruccio Lamborghini, aquele que se tornou um dos maiores criadores de automóveis da história. O sobrenome não necessita de apresentações, mas devemos conhecer um pouco sobre a pessoa que já desafiou as palavras de Enzo Ferrari.

Nascido na cidade de Renazzo di Cento, na província de Ferrara, localizada quase que no centro da Itália, Ferruccio era filho de um proprietário agrícola, aprendendo a trabalhar no campo antes de, aos 14 anos, em pleno boom do fascismo, ir para Bolonha se tornar um aprendiz de mecânico na Casa Righi.

Depois da II Guerra, já como um mecânico com bases solidas para a realização de seus projetos, Ferruccio começou a criar tratores agrícolas, expandindo a produção de tal forma que foram necessários que novos centros fossem construídos. Lamborghini estava se tornando um dos homens mais ricos da Itália, dando uma grande virada na produção artesanal para essa se tornar algo industrial.


Com tanta riqueza em mãos, e um grande sonho na cabeça, Ferruccio teve a oportunidade de reclamar diretamente com Enzo Ferrari de problemas na embreagem de seu carro. A resposta do velho Comendador foi dura: "Você não sabe nada sobre carros, o melhor que pode fazer é deslocar-se com seus tratores...".

Lamborghini não se abalou com isso, muito pelo contrário, resolveu o problema em sua Ferrari e decidiu focar em seu projeto de produzir um carro de luxo. Ainda na década de 60, Ferruccio construiu um grande centro na cidade de Sant'Agata, de onde, a partir de 1967, começariam a sair os primeiros Miura...

Nascia uma lenda e uma marca que inspira luxo, mas com aquilo Ferruccio começava sua caminhada para a venda de uma das empresas mais famosas do mundo atual, algo que aconteceu no início dos anos 70.


O mecânico (se é assim que ainda podemos chama-lo) passou o resto de sua vida em em sua terra - La Fiorita - perto do lago Trasimone, recebendo visitas da nata da sociedade italiana e fazendo um reparo ali e outro refinamento aqui em seus tratores. Morreu no dia 20 de fevereiro de 1993, aos 76 anos, de ataque cardíaco...

100 anos de um dos homens mais importantes da história automobilística italiana...

domingo, 24 de abril de 2016

15 anos - A morte de Michele Alboreto


Era a última quarta-feira de abril, e o time da Audi estava no circuito Eurospeedway em Lausitz fazendo testes com um de seus principais pilotos, o ex-F1 Michele Alboreto. O italiano havia vencido as 12 Horas de Sebring dias antes, e estava disposto a repetir a vitória de 1997 nas 24 Horas de Le Mans daqui cerca de um mês e meio. A bordo de seu belo R8, Alboreto cortava as imensas retas do Lausitzring acima dos 300Km/h, sonhando em outra conquista em La Sarthe...

De repente, um furo faz o bólido decolar, capotar e cair do outro lado das barreiras de proteção, totalmente destruído e com seu santantônio arrancado. Para desespero de todos, Michele Alboreto estava morto...

A triste notícia começou a correr o mundo - "Ex-piloto da Fórmula 1 morto em testes para 24 Horas de Le Mans". Familiares, amigos e fãs sentiam a imensa dor de perder alguém tão atencioso como o italiano. Era o fim de uma das carreiras mais belas do automobilismo, sendo ela marcada com passagens pela Fórmula 3, Fórmula 2, WSC, Fórmula 1, DTM, IndyCar e American Le Mans Series, tornando Alboreto um dos mais pilotos mais queridos do mundo automotivo.

Quem não se lembra de sua milagrosa vitória em Detroit?

Quem não se lembra de sua excepcional performance em Mônaco?

Quem não se lembra de sua surpreendente conquista em Nürburgring?

Quem não se lembra de sua vitória nas 24 Horas de Le Mans?

Esses são apenas alguns dos momentos mais inesquecíveis de um piloto, que mesmo não sendo um dos mais talentosos, sempre foi um dos mais velozes e amados pelo público.

Sentimos sua falta, Michele!

"O último piloto gentleman da Fórmula 1" - Alain Prost.

"No total, éramos dez pessoas e ele não esqueceu de ninguém. Michele foi vice-campeão do mundo, em 1985, e como presente todos nós, seus técnicos, ganhamos dele duas passagens cada um para alguns dias de férias nas Ilhas Maldivas" - Gabriele PagliariniLeia Mais:http://esportes.estadao.com.br/noticias/velocidade,f-1-lamenta-a-perda-de-alboreto,20010426p42395Leia Mais:http://esportes.estadao.com.br/noticias/velocidade,f-1-lamenta-a-perda-de-alboreto,20010426p42395, mecânico-chefe de Alboreto nos tempos de Ferrari.

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Siga @Estadao no TwitterAssine o Estadão All Digital + Impresso todos os dias
Siga @Estadao no Twitter"Costumávamos jogar scopa às sextas-feiras à noite e um belo prato de massa era o suficiente para satisfazê-lo" - Luigi Montanini, ex-cozinheiro da Ferrari.

"Competimos juntos e não conheço uma única pessoa que tenha algo de mau a dizer de Alboreto" - Niki Lauda

Era Michele Alboreto querido pela sua simplicidade, lealdade, humildade e, obviamente, seu carisma...

Adeus, Michele!

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sexta-feira, 22 de abril de 2016

OPINIÃO: A Fórmula 1 precisa mesmo do novo regulamento?


Desde o início dessa temporada, eu já mantenho uma opinião consideravelmente negativa sobre o novo pacote de mudanças, nunca pensei em comenta-la. Dias atrás, Toto Wolff afirmou que a categoria não necessita mais do novo regulamento para 2017, se baseando nas ótimas três primeiras etapas desse ano. Caso não houvesse mudanças, a Mercedes provavelmente se manteria como o melhor time do grid, o que explica, em parte, a afirmação do chefe da equipe.

Porém, algo bem observado por muitos (quero destacar Paulo Alexandre Teixeira do Continental Circus), mostra que uma mudança nesse ponto da nova Era Turbo pode ser mais negativa do que positiva. Obviamente, os carros se tornarão mais rápidos, mais belos e mais difíceis de serem guiados, mas será que essa mudança não será feita tarde demais?

A Fórmula 1 tem um gigantesco histórico de mudanças extremas que culminaram em grandes domínios, especialmente nos últimos anos, quando Red Bull e Mercedes conseguiram conquistar títulos sem nenhuma ameaça. Apesar disso, a categoria deveria relembrar tempos em que as mudanças não eram tão frequentes, possibilitando, assim, uma disputa mais igual entre as equipes antes de qualquer grande revolução.


O pico da evolução do carro-asa da Lotus ocorreu em 1978, quando o time de Colin Chapman dominou o campeonato de pilotos e de construtores. Felizmente, todas as equipes já tinham começado seus programas envolvendo o efeito solo, o que nos deu uma temporada de 1979 espetacular, com três carros estando no topo em três diferentes momentos do campeonato.

Vale lembrar também o que aconteceu na década de 1980, dita como a mais competitiva da história:

Apesar dos domínios de McLaren e Williams, houveram apenas duas grandes mudanças no regulamento, e nenhuma delas afetava diretamente a equipe que estava no topo: o banimento do efeito solo e do motor turbo. Em ambos os casos, o time de Woking conseguiu sair na frente do resto do pelotão, mantendo o posto de grande potência por, no mínimo, duas temporadas.

Mesmo com a dominação de McLaren e de Williams, também vimos momentos de brilho da Brabham, da Renault e da Ferrari, com equipes médias conquistando resultados incríveis para seu real potencial naquela década como Lotus, Toleman e Benetton. O que quero dizer é que, mesmo com domínio de uma equipe, tínhamos pelo menos outros dois carros com boas chances de vitória. E não é isso que estamos perto de voltar a ver?


Maurizio Arribavene afirmou que a diferença entre os carros da Mercedes e da Ferrari é de apenas um décimo, exaltando a evolução da equipe italiana - evolução que, infelizmente, ainda não foi demonstrada tão eficazmente nas pistas. Christian Horner, por sua vez, acredita que a Fórmula 1 ainda precisa do novo pacote para 2017, acreditando num "pulo do gato" que possa colocar a Red Bull de volta ao topo em apenas uma cartada.

No último GP da China, acompanhamos um grande espetáculo por parte dos pilotos de ambas as equipes (Ferrari e Red Bull), superando, entre tantos outros nomes, Lewis Hamilton. O britânico estava sofrendo problemas, mas acredito que esses não eram tão graves a ponto de incapacitar o tricampeão de superar Felipe Massa a bordo de uma Williams tão criticada.

A evolução, aparentemente rápida, dos carros italianos e austríacos já começam a preocupar a Mercedes, que em pouco tempo poderá enfrentar problemas em segura-los. Outros pontos que fazem eu acreditar numa explosão de competitividade A PARTIR de 2017 são as tão aclamadas promessas da Williams (será possível só prometer e não entregar nada por tanto tempo?), o programa de desenvolvimento da Renault que, apesar de ter começado com o pé esquerdo, tem muito a evoluir e o crescimento da parceria entre McLaren e Honda.


Da maneira mais positiva (ou precipitada) possível, penso que até o fim desta década poderemos ter belas disputas entre Mercedes, Ferrari, Red Bull, Williams, Renault e McLaren caso nenhuma mudança drástica possa afetar a competição. Por esse motivo, acredito que as mudanças programadas para 2017 deveriam ser adiadas, ou até mesmo canceladas.

Mas, quero dizer que minha opinião ainda não está tão bem formada, podendo mudar de acordo com os eventos dessa temporada. Infelizmente, caso formos apostar numa evolução de Red Bull e Ferrari, devemos reivindicar rapidamente o cancelamento das novas regras para 2017, caso contrário, haverá mais chances de vermos apenas um carro dominando do que três disputando. Para mim, esse assunto deveria ser tratado com extrema urgência.

Red Bull e Ferrari poderão alcançar a Mercedes? Caso consigam, não há problemas em esquecer o pacote de mudanças...

A melhor solução, por agora, seria adia-lo.

A Fórmula 1 precisa de estabilidade no regulamento, e a falta disso vem enfraquecendo a categoria desde a virada do século, e essa temporada de 2016 poderá abrir os olhos de muitos, inclusive dos dirigentes, sobre o assunto...

E você, o que acha sobre isso?

Obrigado por ler!

Imagens tiradas do Google Imagens

quinta-feira, 21 de abril de 2016

21 de abril de 1985 - Alegria e tristeza



A posse do novo Presidente da República estava marcado para o dia 15 de março de 1985. Tancredo Neves, o primeiro civil eleito desde o Golpe de 1964, iria assumir o cargo político mais importante de nosso país, mesmo com seu quadro clínico não sendo um dos mais empolgantes desde o início do ano. Nas vésperas dessa data não histórica, Tancredo Neves adoece e é levado às pressas para o Hospital de Base do Distrito Federal, onde é internado.

Os primeiros diagnósticos oficiais apontavam problemas de diverticulite, sendo escondidas as apurações de que um tumor estava infectando o Presidente. Enquanto Tancredo Neves tentava sobreviver às péssimas condições do hospital na qual foi internado, José Sarney assumia a presidência da república, se tornando, assim, o primeiro Presidente civil desde Jânio Quadros. Ainda em março, Tancredo foi transferido para o Hospital de Clínicas de São Paulo.


Enquanto o Brasil estava numa confusão generalizada, os pilotos e as equipes testavam no calor de 40º C do Rio de Janeiro, cerca de um mês antes do real início da temporada. Apenas no dia 7 de abril, o Grande Prêmio do Brasil deu o "pontapé inicial" do 35º ano da Fórmula 1. Na corrida, Alain Prost conseguiu desbancar todos os rivais para vencer, pela terceira vez, em Jacarepaguá.

No fim-de-semana do dia 21 de abril, o Grande Prêmio de Portugal era a segunda etapa do calendário da categoria, com o novíssimo circuito de Estoril. Com um traçado que já havia agradado Ayrton Senna no ano anterior, o brasileiro fez sua primeira pole position com o tempo de 1:21.007, colocando quase meio segundo em Alain Prost.

No domingo, uma forte chuva pegou todos de surpresa no Estoril, com todos os carros com configuração de pista seca. Após a luz verde se acender, as previsões de uma dura prova para os pilotos se confirmaram. Ayrton Senna pulou na ponta com Elio de Angelis em segundo, Alain Prost em terceiro, Michele Alboreto em quarto, Derek Warwick em quinto e Niki Lauda em sexto.

Asa dianteira de Bellof ficou danificada após acidente com Winkelhock

Logo, a corrida foi tomando seu formato, com o brasileiro escapando de qualquer ataque do companheiro de Lotus que já sofria com a aproximação de Prost. Mais atrás, um jovem alemão que havia espantado o mundo em 1984 estava de volta ao grid, pela mesma Tyrrell que quase destruíra sua carreira nos monopostos. Stefan Bellof atacava Manfred Winkelhock numa ferrenha batalha pelo décimo terceiro posto.

No giro cinco, ambos se tocam: Winkelhock cai para as últimas posições enquanto Bellof perde parte da asa e retorna no décimo nono posto. Mesmo com poucas esperanças de recuperação, o jovem da Tyrrell iniciava uma performance de deixar todos de queixo caído, enquanto lá na frente, Ayrton assombrava o mundo com uma pilotagem monstruosa sob forte chuva.

Depois de largar em 12º, Patrick Tambay já era o quinto tentando uma aproximação sobre Michele Alboreto. Com Alain Prost em seu cangote, Elio de Angelis não tem equipamento suficiente para segurar o atual "bi-vice-campeão" do mundo, que facilita o trabalho do italiano após simplesmente rodar em plena reta, bater e abandonar a corrida.


Lauda era outro piloto que não estava tendo um desempenho tão agradável, se tornando alvo da crescente dupla Mansell e Bellof. O austríaco abandonaria no giro 50. Já estávamos nas últimas voltas quando Elio de Angelis perdeu o terceiro lugar para Patrick Tambay, que assim tinha a última grande performance da Renault turbo numa corrida de Fórmula 1.

No fim, Ayrton Senna fechou 67 voltas no limite de duas horas, conquistando sua primeira vitória na Fórmula 1 de maneira magnífica. Michele Alboreto conquistou um importante resultado para o campeonato, seguido por Patrick Tambay que fechava os lugares no pódio. Elio de Angelis foi quarto com Nigel Mansell segurando Stefan Bellof até o final da prova.


O Brasil vivia a euforia de ter um novo vencedor na Fórmula 1, sendo ele alguém que prometia dar muitas alegrias nos próximos anos. Mas ainda havia algo que estava por vim no final daquele domingo...

No fim da noite, Antônio Britto anunciou para a imprensa: "Lamento informar que o Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Tancredo de Almeida Neves, faleceu nesta noite no Instituto do Coração, às 10 horas de 23 minutos [...]"

Em um período tão conturbado de nossa política como nos dias atuais, vale relembrar que o Brasil já sofreu muito desde o retorno da democracia. Felizmente, naquela época tínhamos algo que pudesse equilibrar a tristeza com um pouco de alegria, algo que, infelizmente, não temos nos dias atuais (seja em qualquer esporte)...

Imagens tiradas do Google Imagens

sábado, 16 de abril de 2016

Pré-Corrida: Xangai desde 2004


Horas antes do início do 13º Grande Prêmio da China de Fórmula 1, que tal relembrar um pouco daquilo que aconteceu nas últimas edições desta prova tão imprevisível? A mistura de poluição com chuva acaba trazendo ainda mais imprevisibilidade à corrida, colocando ela entre as mais esperadas de toda a temporada, pelo menos na questão de expectativas.

2004: Como poucas corridas escaparam da monotonia daquela temporada trucidada pela Ferrari, o primeiro GP da China serviu apenas para mostrar que Michael Schumacher ainda era um simples piloto que podia ter seus dias infelizes. O alemão largou dos boxes e fez uma pífia prova de recuperação, fechando apenas no décimo segundo posto enquanto Barrichello não sofria dificuldades para vencer em Xangai. Destaque também para a ótima performance de Jenson Button, que superou Kimi Räikkönen demonstrando a clara superioridade da BAR sobre o resto do pelotão não-Ferrari.


2005: Em busca do tão sonhado título de construtores, a Renault viu Fernando Alonso e Giancarlo Fisichella dominarem a prova chinesa, pelo menos até sua metade, quando o italiano enfrentou problemas que custaram uma dobradinha para o time francês. Mesmo assim, o novo campeão do mundo assegurou a alegria nos boxes da equipe, enquanto Schumacher mais uma vez tinha uma performance fraquíssima. Vale lembrar também que o GP da China de 2005 foi a última corrida da Minardi e da Jordan, fechando também o ciclo dos motores V10s na categoria.


2006: Depois de dois fracos desempenhos em Xangai, Michael Schumacher desencantou em 2006, largando na sexta colocação do grid para conquistar, no domingo, sua 91º e última vitória na Fórmula 1. Para demonstrar todo seu talento, o alemão ainda teve de enfrentar as imprevisíveis mudanças de tempo nos arredores do autódromo e superar Rubens Barrichello, Jenson Button, Kimi Räikkönen, Giancarlo Fisichella e Fernando Alonso. Lembremos também da fantástica última volta na disputa pela quarta posição.


2007: Na penúltima etapa do campeonato, Lewis Hamilton tinha o título em suas mãos, podendo se tornar o primeiro estreante campeão logo em sua temporada de estreia. Porém, numa estratégia ousada, o britânico colocou tudo a perder, cometendo um erro que seria fatal para a decisão do título. Räikkönen agradeceu, vencendo o GP da China para levar a decisão para Interlagos. Mais atrás, Sebastian Vettel deu show, veio da décima sétima colocação para terminar em quarto: melhor resultado, até então, da Toro Rosso.


2008: Em uma rara ocasião de pouca emoção em 2008, Lewis Hamilton, já com mais experiência, soube controlar tudo para vencer em Xangai, colocando o título de pilotos dentro do bolso. Após ceder a posição para que Räikkönen se tornasse campeão no ano anterior, Felipe Massa foi retribuído com o finlandês entregando o segundo posto, o que valeu pontos essenciais para a disputa em Interlagos - e que disputa...


2009: Depois de ser transferida da parte final para a inicial do calendário, o GP da China de 2009 foi marcado pela forte chuva. Mesmo depois de largar em segundo, Fernando Alonso se deu mal com uma estratégia de parada muito mais antecipada em relação aos rivais, perdendo assim sua primeira grande chance de vitória no ano. Quem agradeceu foi Vettel, que venceu fácil em Xangai, com Webber completando a dobradinha da equipe Red Bull, que comemorava sua primeira vitória. Mesmo após largar atrás de Barrichello, Button ainda superou o companheiro para terminar no pódio.


2010: Imprevisível como sempre, o GP da China de 2010 teve grandes emoções com Fernando Alonso queimando a largada e com a Red Bull errando na estratégia. Com isso, a corrida ficou nas mãos de Jenson Button e Nico Rosberg, que foi valente ao assegurar um pódio para a Mercedes mesmo após ser superado pelas McLarens. Era a segunda vitória de Button em quatro provas, o que confirmava todo seu talento a bordo de um carro competitivo.


2011: Cheio de alternativas, a edição de 2011 do GP chinês viu Lewis Hamilton voltar à gloria em Xangai após superar Button e Vettel. O britânico, para isso, contou com a ajuda de uma boa largada e de uma ótima estratégia que asseguraram o primeiro posto, enquanto o alemão da Red Bull ficava sem a vitória pela primeira vez desde o GP da Coréia do Sul de 2010.


2012: Finalmente as Mercedes tinham chances de vencer um GP depois de seu retorno. Com Nico Rosberg e Michael Schumacher partindo e tomando as primeiras posições logo na largada, uma dobradinha parecia certa para o time alemão, mas, problemas na troca de pneus, fizeram Schumi perder a sua maior chance de vitória desde 2006 - os azares de Michael continuavam... Já Nico não enfrentou problemas, conquistando sua primeira vitória ao fim das 56 voltas.


2013: Marcando-se com provas cheias de alternativas, a temporada de 2013 viu um GP da China ainda mais emocionante. Lewis Hamilton até largou na pole, mas não conseguiu parar um surpreendente Fernando Alonso que venceu pela primeira vez no ano. Após vencer o GP da Malásia, Vettel viu o pódio escapar de suas mãos nas últimas voltas, quando Räikkönen e Hamilton tomaram o seu segundo posto.


2014: Após tocar na largada, Massa perdeu suas chances de conquistar um bom resultado em Xangai. Um pouco mais a frente, Fernando Alonso surpreendia ao superar Sebastian Vettel, que por sua vez também seria superado por Daniel Ricciardo. Assim, o espanhol conquistou o primeiro de seus dois pódios em sua última temporada pela Ferrari, enquanto Lewis Hamilton vencia pela segunda vez seguida em 2014, começando a incomodar Nico Rosberg.


2015: Na pior edição da prova, sem qualquer grande emoção que realmente empolgasse a madrugada de sábado para domingo, Lewis Hamilton venceu pela quarta vez na China, com Nico Rosberg e Sebastian Vettel completando o pódio. Os únicos momentos que fizeram o telespectador sorrir foram as trapalhadas envolvendo Maldonado, as dificuldades enfrentadas pelos fiscais chineses em tirar a Toro Rosso de Verstappen da reta dos boxes e o ótimo resultado de Felipe Nasr com seu oitavo posto.

E para as próximas horas, o que nos aguarda? Mais uma vitória fácil da Mercedes ou será que Red Bull e Ferrari vão ameaçar a soberania de Rosberg? Hamilton conseguirá se recuperar tão facilmente como fez em certas provas na temporada de 2014? Receberemos todas as respostas daqui a pouco...

Até lá...

Imagens tiradas do F1-Fansite.com/wallpapers