sábado, 30 de julho de 2016

10 anos - A última vitória de Schumacher na Alemanha


Fernando Alonso parecia imbatível até aquele momento do campeonato. Mas, uma reviravolta colocaria a emoção que faltou na Fórmula 1 dos seis anos anteriores. E o mais incrível: Schumacher traria de volta esse ingrediente que sagrou a categoria como a melhor do esporte a motor. Após duas conquistas seguidas, o alemão chegava ao GP da Alemanha confiante em busca de uma terceira vitória consecutiva, algo que Alonso temia.

Os treinos em Hockenheim foram um tanto quanto interessantes. Depois de fazerem todo o possível para estarem entre os primeiros na casa da Renault, Alonso e Fisichella enfrentaram dificuldades em solo alemão, com Kimi Räikkönen levando a melhor com seu McLaren Mercedes. Acompanhando o finlandês na primeira fila, ele, Michael Schumacher, de volta a luta pelo título.

Fazendo sua parte, Felipe Massa largava em terceiro, com Jenson Button ao seu lado. Durante todo o fim-de-semana, Giancarlo Fisichella foi superior á Fernando Alonso, que conseguiu um mero sétimo lugar no grid enquanto o companheiro era quinto. Entre eles, Rubens Barrichello de Honda. Fechando o top ten estavam Ralf Schumacher, Pedro de la Rosa e David Coulthard.

Na casa da Mercedes, Kimi trabalhou bem para alegrar a equipe

Sofrendo com a falta de equipamento, Mark Webber partia apenas na décima primeira posição, ao lado de de Christian Klien. Jarno Trulli marcou o décimo terceiro tempo, mas seria punido com dez posições após trocar de motor. Villeneuve foi o melhor da BMW, com o décimo quarto lugar. Heidfeld foi apenas o décimo sexto, deixando Nico Rosberg entre ele e seu companheiro de equipe. Fechando o grid estavam Vitantonio Liuzzi, Christijan Albers, Takuma Sato, Tiago Monteiro, o estreante Sakon Yamamoto e Scott Speed.

No domingo, o céu aberto indicava nenhuma possibilidade de chuva. Na partida, Räikkönen tomou a ponta com Schumacher em segundo e Massa em terceiro. Apesar de ter pulado bem, Button contornou mal a primeira curva e perdeu o quarto posto para Fisichella, enquanto Alonso tomava o sexto lugar de Barrichello, que caiu para nono. De décimo primeiro, Mark Webber agora era sétimo.

Alonso sofreu dificuldades durante todo o fim-de-semana

Ainda na primeira volta, Nico Rosberg bateria na entrada do Estádio. Logo depois, Button já recuperava o quarto posto de Fisichella. Quem não gostou nenhum pouco do primeiro giro foi o time da BMW, que viu seus dois carros se envolverem em acidentes e caírem para as últimas posições. de la Rosa seria obrigado a abandonar com problemas em seu McLaren, enquanto, lá na frente, Räikkönen resistia à pressão da dupla ferrarista.

Na volta dez, o finlandês foi aos boxes para sua parada de troca de pneus e reabastecimento, sofrendo problemas que colocavam sua liderança e até seu pódio em risco. O próximo ponteiro a parar seria Jenson Button, que até voltaria atrás de Räikkönen, mas tomaria o sexto posto do finlandês na volta seguinte, enquanto Barrichello, logo após sair dos boxes, amargava outro abandono por causa do motor Honda.

Schumacher e Massa fizeram suas paradas e mantiveram a liderança, enquanto Räikkönen amargava um fraco quinto lugar mesmo após Fisichella e Alonso pararem. O italiano teve sorte, mas o espanhol ficaria preso atrás do tráfego e teria sua corrida ainda mais comprometida. Na terceira posição, Mark Webber fazia o impossível com sua Williams Cosworth. Na vigésima oitava volta o australiano foi aos boxes, da mesma forma que Kimi Räikkönen voltaria a fazer uma parada.

Villeneuve fecharia sua carreira na F1 com um acidente

Webber voltou entre os carros da Renault, enquanto o finlandês caiu para o sétimo posto, logo atrás do atual campeão. Dez voltas depois, Fisichella enfrentaria problemas em sua parada e perderia a posição para Fernando Alonso. Jogo de equipe por parte da Renault? Logo depois foi a vez de Jenson Button fazer sua segunda passagem pelos boxes, voltando na quinta posição, atrás de Räikkönen.

Após os lideres fecharem seu programa de paradas com a segunda de Massa e Schumacher, a corrida já estava definida, pelo menos nas duas primeiras posições. Com uma interessante estratégia, Mark Webber só faria sua última parada nas últimas 20 voltas, retornando à pista na quinta posição e com grandes chances de pódio. Na volta 55, Räikkönen faria sua terceira e última parada voltando lado a lado com o australiano, que não conseguiria a ultrapassagem e se manteria em quinto.

A batalha agora era pelo último lugar do pódio. Jenson Button não pararia mais, enquanto, com pneus mais novos, Kimi Räikkönen e Mark Webber perseguiriam o inglês. Infelizmente, o pacote Williams-Cosworth voltaria a trair o australiano, que abandonaria nas últimas voltas, enquanto o finlandês superava o piloto da Honda e caminhava para seu terceiro pódio em cinco provas.


No fim, Michael Schumacher voltou a erguer os dois braços para comemorar outra vitória na Fórmula 1, a 89º e antepenúltima de sua carreira. Felipe Massa fez sua parte e terminou em segundo, com o guerreiro Kimi Räikkönen finalizando em terceiro mesmo com uma fraca estratégia de três paradas. Os lugares pontuáveis seriam fechados por Button, Alonso, Fisichella, Trulli e Klien.

No campeonato de pilotos, Schumi ficou apenas 11 pontos atrás de Fernando Alonso, esquentando a disputa pelo título. Com o segundo lugar, Felipe Massa superou Räikkönen e Fisichella, tomando o terceiro lugar com 50 pontos. Montoya ainda era sexto com 26 pontos, enquanto Button tinha 21 e Barrichello apenas 16. Fechando os dez melhores colocados na tabela, Ralf e Nika Heidfeld tinham 13.


No campeonato de construtores, outra dobradinha da Ferrari colocou a equipe perto de tomar a liderança da Renault, com a McLaren isolada na terceira posição. A Honda tinha 37 pontos e era quarta colocada, com Toyota e BMW lutando pelo quinto posto. A equipe alemã voltaria a crescer no campeonato após substituir Jacques Villeneuve por Robert Kubica, assim, o GP da Alemanha de 2006 foi o último do campeão da temporada de 1997 da Fórmula 1.

E para mim, a corrida foi mais que especial. O GP da Alemanha de 2006 é a primeira lembrança que tenho de uma corrida de Fórmula 1. Posso me lembrar das milhares de vezes que pedi ao meu pai para que me acordasse cedo para acompanhar um grande prêmio antes disso, mas a primeira lembrança de estar assistindo verdadeiramente uma corrida de Fórmula 1 vem de Hockenheim. De Schumacher cruzando a linha de chegada. Daquele carro vermelho. Daquele hino italiano. Daquele carro prata. Daquele hino alemão. De 10 anos atrás...

Imagens tiradas do Google Imagens - GPExpert.com.br - f1-fansite.com

sexta-feira, 29 de julho de 2016

1959 - Quando o GP da Alemanha foi separado em duas baterias


O ano era 1959. Após a aposentadoria de Mike Hawthorn, a Fórmula 1 não tinha nenhum campeão em seu grid. Os carros de motor frontal começavam a se extinguir, e uma nova leva de pilotos chegavam. Um ano antes, no Nürburgring, o circo havia perdido um de seus personagens mais queridos e respeitados de todos os tempos: Peter Collins. A morte do inglês fez o Automóvel Clube Alemão transferir o palco do GP da Alemanha para AVUS, em Berlim.

O velho e monstruoso circuito de AVUS estava agora cortado ao meio, sendo metade da Alemanha Ocidental e a outra metade da Alemanha Oriental. O muro ainda não estava construído, e a Fórmula 1 não sofreu dificuldades para correr na configuração de quase 8Km e meio do circuito.


Após a vitória de Jack Brabham em Aintree, as coisas não estariam tão fáceis para os bólidos ingleses na Alemanha. Com apenas quatro curvas e duas longas retas, AVUS beneficiava a Ferrari com seus motores V6 equipados no campeão D246. Com isso, Tony Brooks, Cliff Alisson, Phil Hill e o jovem Dan Gurney eram os favoritos a vitória.

Jean Behra, que havia sido demitido da Scuderia semanas antes, se inscreveu com sua própria equipe, a Behra-Porsche, e participaria de uma prova preliminar antes da corrida. Um dia antes da prova, Behra perderia o controle de seu Porsche 718 na Curva da Morte, bateria num mastro e morreria na hora. Wolfgang von Trips abandonou a prova após a morte do companheiro.

No dia seguinte, o grid estava formado com uma primeira fila mista: a bravura de Brabham e Moss os colocaram ao lado de Brooks e Gurney. Logo atrás, Gregory, Hill e Bonnier formavam a segunda fila, com Harry Schell em oitavo, Bruce McLaren em nono, Graham Hill em décimo e Hans Herrmann em décimo primeiro. Fechando o grid estavam Trintignant, Ireland, Allison (que marcou o melhor tempo, mas foi penalizado) e Burgess.

A temida Norschleife, a Curva da Morte (Curva Norte)

Na partida, Tony Brooks pula na ponta com Stirling Moss em segundo, Masten Gregory em terceiro e Jack Brabham em quarto. Gurney e Hill perderam posições, mas logo recuperariam. No segundo giro, Moss abandonaria com problemas no câmbio, deixando para Gregory a missão de tomar a liderança. O norte-americano não tardaria para duelar contra as Ferrari de Brooks e Gurney, tomando a ponta na volta três.

Dan Gurney e Phil Hill já estavam de volta na disputa pela vitória, enquanto Allison abandonava. As voltas seguintes seriam de intensa batalha entre Brooks, Gurney e o sempre bravo Gregory, que abandonaria com problemas no motor quando liderava. Voltas antes, o líder do campeonato Jack Brabham já havia estacionado seu Cooper.

Na segunda bateria, Hans Herrmann escaparia da morte

A corrida ficaram na mão do trio ferrarista, enquanto McLaren, Bonnier e Trintignant tentavam se aproximar. A bandeira quadriculada sinalizou o fim da primeira bateria, com Brooks como vencedor, seguido pelo jovem Gurney e por Hill. A ideia de dividir a prova em dois compactos de trinta voltas veio da organização, que temia incidentes com o excessivo desgaste de pneu no banking de tijolos. Assim, todos os pilotos largariam com pneus novos na segunda bateria, que tinha o grid baseado na classificação final da primeira.

Na nova largada, Hill tomou a ponta com Joakim Bonnier surpreendendo Brooks e Gurney. No giro seguinte, Bruce McLaren entrou na briga, enquanto o sueco, sem equipamento adequado, perdia posições. Não demoraria muito para que o neozelandês também enfrentasse os mesmos problemas que atingiram o companheiro, sendo obrigado a abandonar a prova.

Na volta 36, o maior susto: o BRM de Hans Herrmann sofre uma falha nos freios na entrada da Curva Sul, bate nos fardos de palha e decola, capotando várias vezes e deixando o alemão no asfalto, atônito, acompanhando as últimas cambalhotas de seu carro. Herrmann saiu sem ferimentos graves.

O trio que dominou a prova: um futuro campeão, um garoto de 28 anos e um dentista

Lá na frente, Brooks travaria uma dura batalha contra seus dois companheiros para vencer o último GP da Alemanha realizado em AVUS. Phil Hill asseguraria o segundo lugar, com Dan Gurney terminando em terceiro e fechando a trinca da Ferrari no pódio. Maurice Trintignant e Jo Bonnier fecharam os lugares pontuáveis.

No próximo dia 2 de agosto se completarão 57 anos da realização da única prova de Fórmula 1 com duas baterias. A última de AVUS. A última vitória de Tony Brooks. E o primeiro pódio de Dan Gurney. Tudo que podia acontecer numa época que nem campeão a categoria tinha em seu grid...

Imagens tiradas do Google Imagens e F1-History.deviantart.com

Hockenheimring, o mutilado

O Hockenheimring original, que ia de Hockenheim até Oftersheim, ao norte

Neste fim-de-semana a Fórmula 1 retornará para Hockenheim depois de um ano sabático para a categoria na Alemanha. Apesar de tudo que já viveu, o autódromo da pequena cidade alemã continua sendo um dos principais do mundo, algo inimaginável décadas atrás, quando tudo isso ainda era apenas um sonho. O Hockenheimring tem um longo histórico de mutilações, e é um dos poucos circuitos no mundo que resistiu a todas elas e continua no cenário mundial com certo destaque, mesmo com um traçado que pouco agrada.

Tantas histórias fantásticas. Tantos momentos memoráveis. Tudo surgido de um sonho. Um sonho de Ernst Christ, morador da pequena Hockenheim que sonhava em construir uma pista em sua cidade natal. Após receber o apoio de Philipp Klien, prefeito da cidade, e a aprovação por unanimidade do conselho municipal, as obras começaram no dia 23 de março de 1932. Dois meses depois, o circuito era inaugurado com uma corrida de motocicletas e 60 mil pagantes.


O primeiro layout de Hockenheimring tinha cerca de 12Km de extensão, formando um triangulo que ia de Hockenheim até Oftersheim. Tendo apenas seis curvas, o circuito era anti-horário e com os boxes a cerca da região do atual Stadion. Enquanto as provas de motociclismo se popularizavam na região, Mercedes-Benz e Auto Union fizeram da pista um local de testes intensos para provas de alta-velocidade, como o GP de Trípoli.

Seis anos após sua inauguração, a primeira mutilação ocorre: surge o Kurpfalzring, um oval com quatro curvas. Apesar do novo nome, o circuito perdeu "apenas" suas duas mais longas retas, que iam até Oftersheim, mas ganhou a famosa Radbuckelkurve, que mais tarde receberia o nome de Ostkurve, ou Curva Leste.

Provas de turismo e motociclismo seriam realizadas até o início da II Guerra Mundial, que selou o fim de Kurpfalzring. Em 1941, uma última corrida, de bicicletas, foi realizada no circuito com seu velho nome...

Hans Stuck no velho Hockenheimring

Logo após a Grande Guerra, as reformas começaram a todo vapor, sendo o rebatizado Hockenheimring o primeiro circuito a receber corridas em toda Alemanha. Mais de 200 mil pessoas acompanharam uma corrida que tinha Karl Kling, Toni Ulmen e até Alexander von Falkenhausen no grid. A década de 50 foi marcada pelos trancos e barrancos e pela estreia oficial como GP da Alemanha de motociclismo.

Em 1965, a Autobahn A 6 separou a cidade da pista, obrigando Ernst Christ a projetar um novo traçado. Assim surgiu o Motodrom, que tornou Hockenheimring ainda mais moderno e famoso. A parte ocidental do circuito foi totalmente modificada, passando ele a ser corrido no sentido horário e com uma nova sequência de curvas nomeada de Stadionartiger, ou melhor, o Stadion perto da novíssima Sudkurve e dos novos boxes.

Mais de 30 anos após sua inauguração, e o Hockenheimring já havia passado de uma extensão de 12km para meros 6Km. Mesmo assim, o anel de Hockenheim continuava sendo um dos melhores lugares do mundo para se correr. Cortando a Floresta Negra, ela era agora ainda mais moderna, extinguindo a região que passava pela cidade.

Construção do Motodrom

Foi nessa época que a primeira tragédia abalou a pequena cidade, ou melhor, o mundo: Jim Clark havia sofrido um acidente mortal. O escocês voador acabou por perder a vida no Hockenheimring, que apenas dois anos depois receberia sua primeira corrida de Fórmula 1. Para melhorar a segurança, duas chicanes foram construídas na parte alta do circuito, antes e depois da Ostkurve.

Com o Nürburgring em reformas, a Fórmula 1 optou por correr em Hockenheim em 1970. Lá, Jochen Rindt e Jacky Ickx travaram uma dura batalha pela vitória, que acabaria ficando com o austríaco futuramente morto em Monza. Numa corrida repleta de emoções e alternativas, Emerson Fittipaldi conquistou seus primeiros pontos com um quarto lugar.

Apesar da emocionante prova, Hockenheim só voltaria a receber a Fórmula 1 sete anos depois, quando o Nürburgring se tornou inviável para realização de um grande prêmio. O ring daquela pequena cidade, que havia surgido do um sonho de um jovem assistente de cronometrista, estava no mais alto patamar do mundo do esporte a motor, com corridas de Fórmula 1, turismo, MotoGP (ainda sem este nome), sportscar, rally e até drag,

No primeiro GP de F1 em Hockenheim, Rindt e Ickx travaram uma dura batalha pela vitória

Depois de Lauda vencer facilmente em 1977, Mario Andretti em 1978 e Alan Jones em 1979, uma nova tragédia voltou a acontecer em Hockenheim. Um jovem austríaco talentosíssimo, de nome Markus Höttinger, morreu numa prova de F2, e, semanas depois, foi a vez do veloz francês Patrick Depailler morrer num teste com sua Alfa Romeo.

Um nova chicane antes da Ostkurve foi construída após a morte de Depailler, que causou comoção no pódio do GP da Alemanha daquele ano de 1980. O vencedor Jacques Laffite chegou a chorar enquanto estava no lugar mais alto.

Após Nelson Piquet vencer em 1981, outro acidente voltou a assombrar o Hockenheimring: Didier Pironi quebrou ambas as pernas após levantar voo no meio da Floresta Negra. Mesmo após outro francês quase perder a vida, nenhuma mudança seria efetuada até 1992, quando uma nova chicane surgiu na Ostkurve, dizimando de vez a mais famosa curva do circuito.

Até 1992, Patrick Tambay (1982), René Arnoux (1983), Nelson Piquet (1986 e 1987), Alain Prost (1984), Ayrton Senna (1988, 1989 e 1990) e Nigel Mansell (1991) venceriam lá. Depois de outra vitória do Leão em 1992, o Professor conquistaria sua 51º e última vitória em 1993 no Hockenheimring.

Ayrton Senna venceu três vezes na Floresta Negra

Gerhard Berger venceria em 1994 e 1997, sendo ela sua última vitória e da equipe Benetton. Michael Schumacher finalmente se tornaria o primeiro alemão a vencer o GP da Alemanha de Fórmula 1 em 1995. Damon Hill levou a vitória em 1996, Mika Häkkinen em 1998 e Eddie Irvine em 1999. No ano seguinte, em 2000, Rubens Barrichello teve uma performance de campeão para conquistar sua primeira vitória na categoria.

Em 2001, Ralf Schumacher se tornaria o último piloto a vencer no velho Hockenheimring em prova marcada pelo voo de Luciano Burti. Antes mesmo da vitória de Barrichello e de Ralf, a FIA ameaçou tirar Hockenheim do calendário, obrigando os organizadores a fazerem uma enorme reforma no autódromo. Com isso, um circuito que um dia já havia sido de 12Km, e que era naquele momento de meros 6Km, passou a ser de apenas 4,574Km.

Para piorar, o setor que rasgava a Floresta Negra foi retirada do novo traçado, causando críticas que se estendem até hoje. No fim, foi como perder parte da essência do Hockenheimring, a última coisa que restava como característica daquele circuito original de 80 anos atrás. O novo traçado não agradou, e Hockenheim tem que resistir às críticas em todo santo fim-de-semana em que o circo da Fórmula 1 passa por lá.

E a vegetação volta a tomar o que um dia foi dela...

Desde de 2002, Michael Schumacher, Juan Pablo Montoya, Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Nico Rosberg já venceram no circuito, que reveza com Nürburgring como sede do GP da Alemanha. Quem nunca venceu lá foi Sebastian Vettel, que neste fim-de-semana voltará a batalhar por um lugar no hall de vencedores de Hockenheimring.

Vendo tudo que o "anel" de Hockenheim já passou em sua história, é de se espantar que ele continua de pé, atraindo fãs mesmo após a demolição do seu layout mais famoso. Um exemplo de circuito moderno que se sacrificou para se manter no cenário mundial. Um exemplo que não deveria ser seguido, mas que tomou conta dos autódromos de todo planeta.

Perdemos parte da história, mas ainda é melhor do que perder ela toda.

Imagens tiradas do Google Imagens e circuitsofthepast.nl

terça-feira, 26 de julho de 2016

25 anos - Quando Senna quase morreu no Hockenheimring


Há 25 anos, Ayrton Senna poderia ter morrido no Hockenheimring. A história é um tanto quanto esquecida, sobretudo pelo fato de ter sido num daqueles testes tão obscuros que sequer existem imagens para comprovar sua realização.

Tal como ocorreu com Patrick Depailler cerca de onze anos antes, nenhuma foto foi tirada do momento do acidente, e pior, sequer do MP4/6 totalmente destruído. O futuro tricampeão teve sorte em sair com apenas algumas escoriações do espetacular acidente, que, pela sua magnitude, poderia te-lo vitimado três anos antes do fatídico fim-de-semana de Imola.

Tudo aconteceu rapidamente: um furo no pneu traseiro direito fez Senna perder o controle do carro aos 300Km/h quando se aproximava da primeira chicane. O brasileiro tentou segurar sua McLaren, mas este acabou rodando, tocando na zebra e levantando voo, capotando várias vezes e vindo parar com as rodas viradas para baixo, totalmente destruída e com seu piloto em choque dentro do cockpit. Surpreendentemente, Senna se manteve consciente durante todo o ocorrido, guardando para si uma fantástica história para contar aos netos, coisa que infelizmente não aconteceria...

Poucas testemunhas viram o acidente, e uma delas explicou para o desenhista italiano Giuliano Giovetti como este aconteceu. Achei a foto no Continental Circus do Paulo Alexandre Teixeira, que por sua vez recebeu do Felipe Vaamonde. Por isso, gostaria de agradece-los.

Há 25 anos, Ayrton Senna já poderia não estar entre nós...

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Pós-GP: Faltou o Safety Car...


O GP da Hungria já estava começando a ficar estranho: duas ótimas corridas nos dois últimos anos, e nenhum sinal de que isso poderia mudar. Porém, isso acabou mudando logo em 2016, quando estamos tendo uma temporada verdadeiramente interessante. E o que faltou para termos uma corrida emocionante em Budapest? O mesmo que aconteceu em 2014 e 2015 - chuva ou Safety Car.

Hungaroring nunca foi produtor de corridas super interessantes, mas, de vez em quando, sempre nos proporciona algumas obras-primas que ficam guardadas como "uma das melhores corridas da temporada". A prova de 2016 acabou sendo ruim pela falta daquilo que tanto criticamos nas últimas dias: o Safety Car. Pode parecer loucura, mas vale lembrar que em 2015 tivemos quase 50 voltas de monotonia total para, só depois do SC, já nos últimos 20 giros, termos algo tão emocionante quanto qualquer outro GP daquele ano.

A Fórmula 1 não é mais com antigamente, e qualquer corrida mais emocionante já é motivo de comemoração. Infelizmente, muitas vezes precisamos ver elementos que deveriam ser secundários acontecerem para que possamos ter uma corrida de verdade. E após tanta reclamação sobre a largada do GP da Grã-Bretanha com o Safety Car, parece que sentimos falta dele no GP da Hungria, pelo menos no meio da corrida.


Começamos o fim-de-semana com uma polêmica pole position de Nico Rosberg, enquanto nada de muito surpreendente acontecia no restante do grid, exceto o décimo quarto posto de Kimi Räikkönen. Depois de horas de conversa, ficou decidido que o alemão iria sim largar na primeira posição no domingo. Uma decisão estranha, polêmica e um sinal de quão incompetentes, ou melhor, irregulares podem ser os comissários da FIA.

Na corrida, a largada valeu como ouro. Quem não conseguiu posições na largada, dificilmente teria chances de conquistar durante a corrida. Mais uma vez, Räikkönen foi uma exceção. Com uma estratégia diferente, o finlandês não demorou muito para chegar na briga contra as Red Bull. Sebastian Vettel herdou a posição de Max Verstappen nos boxes, enquanto o holandês enfrentava problemas com o tráfico.


Lá na frente, Hamilton se mantinha cerca de um segundo a frente de Rosberg, administrando muito bem a vantagem para o companheiro. Semelhantemente ao ocorrido no ano passado, as últimas voltas tiveram certa emoção, com Vettel se aproximando de Ricciardo e Räikkönen tentando ultrapassar Verstappen, que defendeu de forma valente, porém duvidosa.

O toque do finlandês com o jovem piloto da Red Bull foi um incidente de corrida, sobretudo pelo fato de que Verstappen mudou de direção apenas uma vez. No fim das contas, Räikkönen mais chorou do que seu próprio companheiro, e isso já virou um p*rre para a Fórmula 1. Mesmo com os enormes problemas na administração da categoria, os pilotos se preocupam em brigar sobre quem deve ou não receber punição.

É triste saber que a Fórmula 1 chegou nesse ponto, mas é verdade. Os pilotos deveriam saber usar suas vozes para mudar o regulamento, para algo que realmente fosse útil, que não punisse um piloto a cada 5 dias. Eles tem a voz, só não sabem usa-la. Ou talvez, não podem...


No mais, devo retornar ao assunto. Se qualquer acidente ou incidente tivesse acontecido pela volta 50, teríamos garantido um final de prova tão memorável quanto o de 2015, mas como isso não aconteceu, temos que nos contentar a esperar por semana que vem, quando Hockenheimring estará de volta ao calendário com o GP da Alemanha.

E com mais uma vitória, Lewis Hamilton finalmente assume a liderança do campeonato. Agora é ver se Nico Rosberg vai reagir, sendo este um momento crítico da temporada. Restando apenas uma prova antes das férias, quem se sair bem na Alemanha irá para Spa-Francorchamps com a confiança lá em cima. Até domingo...

Não vi nada de espetacular na corrida, mas, para não perder o costume...


  • MELHOR PILOTO: Kimi Räikkönen
  • SORTUDO: Sebastian Vettel
  • AZARADO: Max Verstappen
  • SURPRESA: N/H
Räikkönen foi o piloto que mais se destacou. Largou em décimo quarto, escalou o pelotão e terminou numa digníssima sexta posição. Vettel só conseguiu o quarto posto graças aos problemas enfrentados por Verstappen, e quase arrancou o pódio de Ricciardo no fim da prova.

Imagens tiradas de F1.