Nos tempos em que os pilotos passavam o reveillon na África do Sul, houve alguém que desafiasse a lógica quando ninguém mais tinha condições de segui-la. Ainda era um tempo de transição para a Fórmula 1 que, com um novo regulamento, precisara de carros totalmente novos para a temporada de 1966. E como sempre, quem melhor se adaptou, venceu, e naquele época havia sido os Brabham de Black Jack e Denny Hulme.
Dois meses e meio após a última etapa no México, o circo estava reunido no novo Kyalami para o GP da África do Sul de 1967, e isso ainda no fim de dezembro de 66 (!). Com poucas novidades, as equipes traziam seus velhos bólidos junto à sua tradicional dupla de pilotos. E, como era de costume, pilotos da casa africana estavam inscritos: dois rodesianos, John Love e Sam Tingle; e dois sul-africanos, Dave Charlton e Luki Botha.
Jackie Stewart seria o primeiro a abandonar, atrapalhando quem via atrás após o estouro de seu motor BRM, dando esperanças para que John Love, que escapou da confusão, pontuasse. Outro importante abandono seria o de Graham Hill, também nas primeiras voltas, enquanto, mais a frente Jochen Rindt perdia posições após rodar.
A fumaça deixada quando os carros passavam sobre as manchas de óleo tapadas por pó |
Depois de uma feroz caça a John Surtees, Jack Brabham finalmente conseguiu superar o inglês na disputa pela segunda posição enquanto, mais atrás, Rindt voltava a rodar. O austríaco não havia perdido muitas posições, mas os erros estavam a custar uma luta pela vitória. Ele ainda retomaria a posição de Pedro Rodríguez antes de ultrapassar Surtees e assumir o terceiro lugar, atrás apenas dos carros da Brabham.
Rindt rodou duas vezes antes de abandonar |
Lutando contra Gurney, John Love fazia um ótimo trabalho para tomar o quinto posto de Rodríguez, com graves problemas no câmbio. Mais atrás, o jovem Piers Courage assumia o oitavo lugar após superar Sam Tingle. Com um pequeno furo, John Surtees enfrentava também o superaquecimento de seus pedais quando foi superado por Love e Dan Gurney, que agora eram quarto e quinto colocados, respectivamente.
Surtees se arrastava pela pista |
O público sul-africano, que havia adotado John Love como seu principal piloto comemorava: o rodesiano estava liderando um Grande Prêmio! Para melhorar, ele não tinha ninguém que ameaçasse sua vitória: Pedro Rodríguez corria com problemas no câmbio, John Surtees enfrentava o superaquecimento, Hulme e Brabham estavam muito atrás e restavam apenas oito carros na pista.
Love assumiria a ponta restando apenas 20 voltas para o fim |
Apesar de todo esforço, Pedro Rodríguez, apenas com duas marchas, venceria seu primeiro Grande Prêmio, sendo este o 16º e último para a equipe Cooper. Vinte e seis segundos atrás, chegaria John Love, com Surtees se arrastando para fechar o pódio com seu Honda. Hulme foi o quarto, com Bob Anderson em quinto e Jack Brabham num decepcionante sexto posto. Botha e Charlton, os dois pilotos da casa, também completariam, mas não seriam classificados por estarem muito atrás.
Rodríguez viu a vitória cair em seu colo |
E assim, há 50 anos, a Fórmula 1 iniciava a temporada de 1967 com a Brabham continuando a ser a equipe a ser batida, com um mexicano conquistando sua primeira vitória e com um novo azarão para os anuais da história. Love já tinha seus 42 anos e participaria de todos os GPs da África do Sul até 1972, nunca mais voltando a ter uma performance tão brilhante.
Nascido em Bulawayo, ainda nos tempos em que o Zimbábue era colônia do Reino Unido, John Love conquistou seis títulos consecutivos na Fórmula 1 sul-africana, vindo falecer por causa de um câncer aos 80 anos de idade na mesma cidade em que nasceu.
Imagens tiradas do f1-history.deviantart.com e GPExpert.com.br
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